Questões Comentadas

A conduta de “ofendeu severamente, humilhando-o mediante o emprego de diversas palavras depreciativas, relacionadas ao cargo ocupado”, configura o crime de desacato:

Desacato

Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Informações importantes sobre o crime de desacato:

1º) SUJEITO ATIVO: é crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa, inclusive por funcionário público, conforme doutrina majoritária. O funcionário público ao ofender o outro se despe da qualidade de funcionário público e se equipara a um particular, respondendo pelo crime de desacato.

2º) CONDUTA TÍPICA: “desacatar” significa ofender, desrespeitar, desprestigiar. Admite qualquer meio de execução, seja com palavras, com gestos etc. O crime pode se configurar em 2 situações:

• quando a ofensa for feita contra funcionário que está no exercício de suas funções, ou seja, que está trabalhando
• quando for feita contra funcionário que está de folga, desde que se refira às suas funções.

EXEMPLOS PRÁTICOS: xingar o policial que o está multando; fazer sinais ofensivos; rasgar o mandado de intimação entregue pelo oficial de justiça e atirá-lo ao chão; passar a mão no rosto do policial; atirar seu quepe no chão; mostrar o dedo do meio etc.

ATENÇÃO1: O desacato pode, excepcionalmente, ser cometido por ato omissivo, como no caso de pessoa que, acintosamente, finge não perceber que o funcionário está lhe dirigindo a palavra.

ATENÇÃO2: O desacato pressupõe que a ofensa seja feita na presença do funcionário, pois somente assim ficará caracterizada a intenção de desprestigiar a função.

ATENÇÃO3: O crime de desacato existe mesmo que o fato não seja presenciado por outras pessoas, porque a publicidade da ofensa não é requisito do crime. Basta, portanto, que o funcionário esteja presente.

3º) CONSUMAÇÃO: é crime formal e se consuma no momento em que ocorre a ofensa. É indiferente se o agente público se sentiu ou não ofendido, pois a lei tutela a dignidade da função pública, e não a honra de quem a exerce.

4º) TENTATIVA: O crime, por exigir a presença do sujeito passivo, torna-se unissubsistente, não admitindo a tentativa.

GABARITO E

Como Orlando desobedeceu à ordem legal de parada, sem utilizar violência ou ameaça, restou configurado o crime de desobediência:

Desobediência

Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:

Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

GABARITO B

Situação Hipotética: Caio (particular) se dirige à Justiça Federal. João (agente público) informa que é necessário passar por detector de metal. Caio, agindo com dolo e descumprindo a ordem legal, ingressa sem observar os procedimentos de segurança.

A) desobediência, na modalidade qualificada;

INCORRETA. A conduta de Caio configura, de fato, o crime de desobediência. No entanto, o crime de desobediência (Art. 330 do Código Penal) não possui uma modalidade qualificada prevista em lei. A pena é apenas a do caput.

Desobediência

Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:

Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

B) desobediência, na modalidade simples;

CORRETA. Esta afirmação está correta. A conduta de Caio de "descumprir a ordem legal que fora dada pelo servidor público" (passar pelo detector de metal) se amolda perfeitamente ao crime de desobediência, previsto no Art. 330 do Código Penal. Como não há previsão de qualificadoras para este crime, ele é classificado como de modalidade simples.

Art. 330 do Código Penal (Desobediência): Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

Sobre o crime de desobediência, importante saber:

1º) SUJEITO ATIVO: é crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa, desde que juridicamente vinculada ao cumprimento de ordem legal.

ATENÇÃO1: Funcionário público pode responder por este crime? Sim, na hipótese em que ele atue como particular, ou seja, quando a ordem recebida e descumprida não se inclua entre seus deveres funcionais, uma vez que a desobediência se insere entre os crimes praticados por particular contra a Administração em geral. Exemplificando: se um funcionário público, transitando com sua bicicleta em via pública, descumprir a determinação de parada de um comando policial, estará caracterizado o crime de desobediência.

2º) CONDUTA TÍPICA: “desobedecer” - não cumprir, não atender, dolosamente, a ordem recebida. A desobediência pode ser praticada por ação (quando a ordem determina uma omissão) ou por omissão (quando a ordem determinação uma ação).

EXEMPLO PRÁTICO: faltar injustificadamente à audiência para a qual foi intimada na condição de testemunha, recusar-se a enviar informações ao juízo que as requisitou, efetuar obra em local embargado, abrir estabelecimento interditado etc.

ATENÇÃO2: Deve haver uma ORDEM: significa determinação, mandamento. O não atendimento de mero pedido ou solicitação não caracteriza o crime.

ATENÇÃO3: A ordem deve ser LEGAL.

ATENÇÃO4: Deve ser emanada de funcionário público COMPETENTE para proferi-la. Ex.: delegado de polícia requisita informação bancária de um particular e o gerente do banco não obedece. Não houve crime, pois o gerente só está obrigado a fornecer a informação se houver determinação judicial.

3º) CONSUMAÇÃO: é crime formal e vai depender do conteúdo da ordem:

• se determina uma omissão: se consuma no momento da ação.
• se determina uma ação: se foi determinado um prazo para cumprir, se consuma com a expiração desse prazo.

ATENÇÃO5: Em regra, a desobediência é crime instantâneo, pois a consumação se dá um momento determinado. Contudo, em alguns casos, pode ser crime permanente, como no caso de descumprimento de ordem judicial para pagamento de pensão alimentícia. Enquanto não é paga a pensão, o crime continua se consumando.

4º) TENTATIVA: só é possível na forma comissiva

C) resistência, na modalidade qualificada;

INCORRETA. Esta afirmação é falsa. O crime de resistência (Art. 329 do CP) exige o emprego de violência ou grave ameaça para se opor à execução de ato legal. No cenário descrito, Caio simplesmente descumpriu a ordem, mas não houve menção a violência ou ameaça contra o agente, o que afasta a resistência (seja simples ou qualificada).

Resistência

Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:

Pena - detenção, de dois meses a dois anos.

§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:

Pena - reclusão, de um a três anos.

§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.

D) desacato, na modalidade qualificada;

INCORRETA. Esta afirmação é falsa. O crime de desacato (Art. 331 do CP) consiste em desacatar (menosprezar, desrespeitar, injuriar) funcionário público no exercício da função ou em razão dela. A conduta de Caio foi descumprir uma ordem, não desrespeitar verbalmente ou com gestos ofensivos o funcionário. Além disso, o crime de desacato não possui modalidade qualificada.

Desacato

Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

E) resistência, na modalidade simples.

INCORRETA. Esta afirmação é falsa. Conforme explicado na alternativa C, o crime de resistência exige violência ou grave ameaça, o que não foi descrito na situação. A ausência de tal elemento afasta a resistência em qualquer modalidade (simples ou qualificada). Vide art. 329, do CP.

NÃO CONFUNDA DESOBEDIÊNCIA, RESISTÊNCIA E DESACATO:

GABARITO B

Tendo em vista que Tício se opôs à execução do ato mediante ameaça (afirmou que mataria João caso não fosse solto), restou configurado o crime de resistência:

Resistência

Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:

Pena - detenção, de dois meses a dois anos.

§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:

Pena - reclusão, de um a três anos.

§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.

Além de responder pelo crime de resistência, ele também será responsabilizado pela infração penal (agressão) contra a sua companheira, já que a pena prevista para o crime de resistência é aplicada sem prejuízo da pena correspondente à violência.

GABARITO D

Se teve violência, então a conduta configura o crime de resistência, sem prejuízo das correspondentes à violência:

Resistência

Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:

Pena - detenção, de dois meses a dois anos.

§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:

Pena - reclusão, de um a três anos.

§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.

Informações importantes sobre o crime de resistência:

1º) SUJEITO ATIVO: é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa., inclusive pelo funcionário público, nas situações em que age como particular, isto é, sem se valer das prerrogativas inerentes à sua condição funcional. Não precisa ser a pessoa contra quem será dirigido o ato funcional. Comete o crime tanto aquele que agride o Oficial de Justiça que vai despejá-lo quanto o vizinho que se solidariza e também o agride. Se ambos agredirem o Oficial, ambos cometem resistência.

2º) CONDUTA TÍPICA: o agente emprega violência ou ameaça (não é necessário que seja grave) com o objetivo de não cumprir a prática do ato funcional. A caracterização desse crime exige o emprego de:

a) Violência: agressão, uso da força etc. Essa violência é empregada contra o funcionário público ou do terceiro que o auxilia.

b) Ameaça: (não precisa ser grave).

EXEMPLO PRÁTICO: Aquiles caminhava pela rua ABC, momento em que foi abordado por dois policiais militares. Os agentes da lei, com base em fundada suspeita de prática delitiva, iniciaram revista pessoal em Aquiles, o qual, mediante ameaça, se opôs à execução do ato legal. Aquiles responderá pelo crime de resistência.

ATENÇÃO1: o ato a ser cumprido deve ser LEGAL. Se a ordem for ilegal, a oposição mediante violência ou ameaça não configura resistência.

ATENÇÃO2: é necessário que o funcionário público seja COMPETENTE para o cumprimento do ato.

ATENÇÃO3: também configura o crime de resistência se for empregada violência ou ameaça contra terceiro que esteja ajudando o funcionário público a cumprir a ordem.

ATENÇÃO4: A chamada resistência passiva (sem o emprego de violência ou ameaça) não é crime. Exs.: segurar-se em um poste para não ser conduzido, jogar-se no chão para não ser preso, sair correndo etc.

3º) CONSUMAÇÃO: é crime formal e se consuma no momento em que for empregada a violência ou ameaça. Não se exige que o sujeito consiga impedir a execução do ato.

4º) FIGURA QUALIFICADA: Se o sujeito conseguir, em razão da resistência, que o ato legal não se execute, incide a qualificadora prevista no § 1º, cuja pena será reclusão, de 1 a 3 anos.

5º) CONCURSO MATERIAL OBRIGATÓRIO: é o que estabelece o § 2º. Quando o crime é praticado mediante violência, o agente responde pela resistência (simples ou qualificada) e pelo crime de violência (lesão corporal leve, grave ou gravíssima, homicídio, etc). As penas serão somadas.

6º) TENTATIVA: é possível. Ex: ameaça escrita que se extravia.

GABARITO C

O crime de abandono de função não possui causas de aumento de pena. Ele possui qualificadoras (pena base em abstrato é maior).

Aliás, importante revisarmos a diferença entre causa de aumento de pena, figura qualificada e figura privilegiada.

1) Causas de aumento de pena: é quando a lei prevê uma figura do crime mais gravosa e já determina em quanto a pena será aumentada, o que, geralmente, se dá por frações. O exemplo deixa tudo mais claro:

2) Figura qualificada ou crime qualificado ou qualificadora: aqui a lei prevê circunstâncias que aumentam o desvalor da conduta, aumentando a pena mínima ou a máxima prevista no caput. Vamos ao exemplo:

3) Figura privilegiada ou crime privilegiado: Aqui a pena mínima ou máxima prevista no “caput” do artigo é diminuída (é um privilégio, digamos assim). A conduta é menos grave do que aquela prevista no caput. Vamos ao exemplo:

No caso do crime de abandono de função, temos 2 qualificadoras:

Abandono de função

Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Informações importantes sobre o crime de abandono de função:

1º) SUJEITO ATIVO: é crime próprio, só podendo ser praticado pelo funcionário público ocupante do cargo abandonado.

2º) CONDUTA TÍPICA: é “abandonar”, ou seja, deixar o cargo por tempo juridicamente relevante sem permissão legal. Trata-se de crime omissivo próprio ou puro, pois o tipo penal contém uma conduta omissiva.

ATENÇÃO1: em que pese o crime se chamar “abandono de função”, a descrição do tipo penal fala em abandonar “cargo público”. muitas pessoas desempenham funções públicas (exemplos: jurados, mesários da Justiça Eleitoral etc.), nada obstante não ocupem cargos públicos.

ATENÇÃO2: a caracterização do crime delineado no art. 323 do Código Penal depende do abandono do cargo público, não incidindo este tipo penal no tocante ao abandono de função pública ou mesmo de emprego público.

3º) CONSUMAÇÃO: é crime formal e se consuma com o abandono do cargo por tempo juridicamente relevante, ainda que não decorra efetivo prejuízo para a Administração.

ATENÇÃO3: não se exige a produção de dano à Administração Pública. Entretanto, se o abandono de cargo provocar prejuízo público, incidirá a figura qualificada do § 1.º do art. 323 do Código Penal.

4º) FIGURAS QUALIFICADAS:

• se o fato resultar prejuízo público (§ 1º)
• se o fato ocorrer em lugar compreendido na faixa de fronteira (§2º)

5º) TENTATIVA: Por se tratar de crime omissivo não admite a tentativa.

GABARITO B

Caio, ao patrocinar diretamente interesse privado perante a administração pública, com dolo, valendo-se da sua qualidade de agente público, praticou o crime de Advocacia Administrativa, previsto no art. 321 do Código Penal:

Advocacia administrativa

Art. 321. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:

Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

Aos que marcaram a letra A, provavelmente se confundiram com a causa de aumento do § 2º do art. 327 do CP, mas ela só serve quando o funcionário ocupar cargo em comissão ou de função de direção ou assessoramento da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público, e não cargo efetivo, como é o caso de Caio.

Funcionário público

Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.      

§ 2º A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.

Informações importantes sobre o crime de advocacia administrativa:

1º) SUJEITO ATIVO: é crime próprio, só podendo ser praticado por funcionário público. Em que pese o nome do delito “advocacia administrativa”, não se exige que seja cometido por advogado.

2º) CONDUTA TÍPICA: “patrocinar”, isto é, amparar, advogar, defender ou pleitear interesse privado de outrem, aproveitando-se o funcionário público das facilidades proporcionadas pelo seu cargo.

ATENÇÃO! não há obrigatoriedade da ilegitimidade do interesse patrocinado para a consumação do crime, mas se for ilegítimo, incide a figura qualificada contida no caput do art. 321 do Código Penal, cuja pena é de detenção, de três meses a um ano, e multa, em razão da maior reprovabilidade da conduta.

EXEMPLO: o funcionário público do INSS defende perante seu superior que defira certo benefício previdenciário a um amigo seu da faculdade.

3º) CONSUMAÇÃO: é crime formal e se consuma no momento em que o agente realiza o ato de patrocinar o interesse alheio privado, por escrito ou oralmente, ainda que não obtenha êxito em beneficiar o particular.

ATENÇÃO: Não ocorrerá esse crime quando o funcionário patrocina interesse próprio.

4º) FIGURA QUALIFICADA: quando por patrocinado interesse ilegítimo, nos termos do parágrafo único do art. 321.

5º) TENTATIVA: não é possível, pois se trata de um crime omissivo próprio e, consequentemente, unissubsistente (não é possível fracionar a execução).

GABARITO D

A conduta narrada configura o crime de prevaricação, já que o funcionário público retardou ato de ofício para SATISFAZER SENTIMENTO PESSOAL:

Prevaricação

Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:   

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Informações importantes sobre o crime de prevaricação:

1º) SUJEITO ATIVO: qualquer funcionário público.

2º) CONDUTA TÍPICA: Prevaricação é a infidelidade ao dever de ofício, à função exercida. É o não cumprimento pelo funcionário público das obrigações que lhe são inerentes, em razão de ser guiado por interesses ou sentimentos próprios. A lei incrimina 3 condutas: “retardar”, “deixar de praticar” e “praticar” (é tipo misto alternativo):

• retardar: atrasar por tempo considerável;
• deixar de praticar: omitir por completo;
• praticar: realizar, levar a efeito o ato.

ATENÇÃO: É sempre necessário, de qualquer forma, que o funcionário queira satisfazer sentimento ou interesse pessoal.

EXEMPLOS: O funcionário público que nega ao cidadão certidões ou documentos de seu interesse, por antipatia ou por desgostar de sua pessoa; O policial, juiz, promotor ou investigador que toma conhecimento de um crime, mas não o denuncia e nem o investiga, movido por sentimento pessoal ou interesse.

3º) CONSUMAÇÃO: é crime formal e se consuma no instante em que o funcionário omite, retarda ou pratica o ato de ofício, independentemente de qualquer resultado (efetiva satisfação do interesse ou sentimento pessoal)

4º) TENTATIVA: somente é admissível na modalidade comissiva (“praticá-lo contra disposição expressa de lei”).

NÃO CONFUNDA:

GABARITO D

Situação Hipotética: Policial militar (funcionário público), no exercício da função, em blitz de trânsito, deixa, indevidamente e propositadamente (dolo), de praticar ato de ofício (abordar carro e multar condutora inabilitada - sua namorada), para satisfazer sentimento pessoal.

A conduta do policial militar se amolda perfeitamente ao crime de prevaricação. Vejamos os elementos presentes e como se encaixam no tipo penal:

SUJEITO ATIVO: O policial militar é um funcionário público para fins penais (Art. 327 do Código Penal), requisito essencial para o crime de prevaricação.

CONDUTA TÍPICA: Ele deixa de praticar ato de ofício (não aborda o carro e não aplica a multa devida), o que é uma conduta omissiva.

INDEVIDAMENTE: Essa omissão é indevida, pois contraria a norma que exige a fiscalização e autuação de condutores inabilitados.

DOLO: A conduta é praticada propositadamente (mediante dolo), ou seja, com a vontade livre e consciente de deixar de praticar o ato.

ELEMENTO SUBJETIVO ESPECIAL (FIM ESPECIAL DE AGIR): O policial age para satisfazer interesse ou sentimento pessoal (o fato de a condutora ser sua namorada e a intenção de não prejudicá-la). Este é o elemento mais distintivo da prevaricação, diferenciando-a de outros crimes contra a Administração Pública.

Código Penal

Prevaricação

Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:   

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Informações importantes sobre o crime de prevaricação:

1º) SUJEITO ATIVO: qualquer funcionário público.

2º) CONDUTA TÍPICA: Prevaricação é a infidelidade ao dever de ofício, à função exercida. É o não cumprimento pelo funcionário público das obrigações que lhe são inerentes, em razão de ser guiado por interesses ou sentimentos próprios. A lei incrimina 3 condutas: “retardar”, “deixar de praticar” e “praticar” (é tipo misto alternativo):

• retardar: atrasar por tempo considerável;
• deixar de praticar: omitir por completo;
• praticar: realizar, levar a efeito o ato.

ATENÇÃO: É sempre necessário, de qualquer forma, que o funcionário queira satisfazer sentimento ou interesse pessoal.

EXEMPLOS: O funcionário público que nega ao cidadão certidões ou documentos de seu interesse, por antipatia ou por desgostar de sua pessoa; O policial, juiz, promotor ou investigador que toma conhecimento de um crime, mas não o denuncia e nem o investiga, movido por sentimento pessoal ou interesse.

3º) CONSUMAÇÃO: é crime formal e se consuma no instante em que o funcionário omite, retarda ou pratica o ato de ofício, independentemente de qualquer resultado (efetiva satisfação do interesse ou sentimento pessoal).

4º) TENTATIVA: somente é admissível na modalidade comissiva (“praticá-lo contra disposição expressa de lei”).

NÃO CONFUNDA:

GABARITO CERTO

A) advocacia administrativa qualificada, por ser ocupante de cargo em comissão em órgão da administração direta, sem a incidência de causas de aumento de pena.

INCORRETA. Esta afirmação é falsa.

Crime: A conduta de João não se enquadra em advocacia administrativa (Art. 321 CP), que consiste em patrocinar interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário. João aceitou uma promessa de vantagem para praticar um ato de ofício, o que é corrupção passiva.

Causa de aumento: a condição de ocupante de cargo em comissão em órgão da administração direta é uma causa de aumento de pena para crimes do Capítulo I do Título XI (onde está a corrupção passiva), conforme o Art. 327, § 2º, do CP.

Advocacia administrativa

Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:

Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.

B) corrupção passiva simples, com a incidência de uma causa de aumento de pena, por ser titular de cargo em comissão em órgão da administração direta.

CORRETA. Esta afirmação está correta.

Crime: A conduta de João de "aceitar promessa de vantagem indevida" para praticar um ato de ofício em razão de sua função configura Corrupção Passiva (Art. 317, caput, do Código Penal). Este crime é formal na modalidade "aceitar promessa", consumando-se no momento da aceitação, independentemente de a vantagem ser efetivamente recebida ou de o ato funcional ser praticado/omitido.

Modalidade: O Art. 317, caput, tipifica a corrupção passiva na modalidade "simples" (a base do tipo). Não se trata da majorante do §1º do Art. 317 (se o funcionário retarda/deixa de praticar o ato).

Causa de Aumento de Pena: O Art. 327, § 2º, do Código Penal, estabelece uma causa de aumento de pena (da terça parte) quando os autores dos crimes do Capítulo I do Título XI (que inclui a corrupção passiva) forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público. Como João é ocupante de cargo em comissão em um órgão da administração direta, essa majorante se aplica.

Art. 317, caput, do Código Penal (Corrupção Passiva): Solicitar ou receber, para si ou para outrem... vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem...

Art. 327, § 2º, do Código Penal: A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta...

C) corrupção passiva qualificada, por ser ocupante de cargo em comissão em órgão da administração direta, sem a incidência de causas de aumento de pena.

INCORRETA. Esta afirmação é falsa. Embora a conduta seja de corrupção passiva, o Art. 317 do CP não prevê uma modalidade "qualificada" para a corrupção passiva (ao contrário de outros crimes, como o furto). Ele prevê a forma "simples" no caput e causas de aumento (majorantes) no § 1º e, para a qualidade do agente, no Art. 327, § 2º. Além disso, há sim a incidência da causa de aumento de pena por ser ocupante de cargo em comissão.

Corrupção passiva

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.

§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

D) exercício funcional ilegalmente antecipado simples, sem a incidência de causa de aumento de pena.

INCORRETA. Esta afirmação é falsa. O crime de exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado (Art. 324 CP) ocorre quando o agente entra em função pública antes de cumprir as exigências legais ou continua exercendo-a sem autorização após ser desligado. A conduta de João é de corrupção, não de exercício irregular de função.

Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado

Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

E) advocacia administrativa simples, sem a incidência de causa de aumento de pena.

INCORRETA. Esta afirmação é falsa. A conduta de João é de corrupção passiva, não de advocacia administrativa, como já explicado na alternativa A. Vide art. 321 do CP.

GABARITO B