Questões Comentadas

"Você deixa tudo para depois?" (título) - Esta é uma pergunta direta ao le leitor, convidando-o a refletir sobre sua própria experiência com o tema.

"Quem nunca fez isso?" (1º parágrafo, após descrever o adiamento de tarefas para atividades irrelevantes) - Esta é uma pergunta retórica que implica uma resposta universal: "todos (ou a maioria) já fez isso".

A) propor aos leitores uma conduta que siga padrões morais e éticos.

INCORRETA. As perguntas não têm um tom moralizante ou ético. Elas buscam engajamento e identificação com uma experiência comum, não prescrever uma conduta moral.

B) mencionar atitudes com as quais os leitores podem se identificar.

CORRETA. Ambas as perguntas são projetadas para criar uma conexão com o leitor. "Você deixa tudo para depois?" convida à auto-reflexão e reconhecimento. "Quem nunca fez isso?" sugere que o comportamento de procrastinar para realizar atividades irrelevantes é tão comum que quase todos os leitores podem se reconhecer nessa situação. Essa identificação serve para engajar o leitor no tema do texto.

C) criticar aqueles leitores que deixam tudo para depois.

INCORRETA. Embora o texto aborde os problemas da procrastinação, o tom das perguntas não é de crítica ou censura, mas de convite à reflexão e identificação. A autora busca um terreno comum com o leitor antes de aprofundar o tema.

D) solicitar a opinião dos leitores sobre as contradições presentes no texto.

INCORRETA. As perguntas não buscam uma "opinião" em um sentido formal nem apontam para "contradições" no texto. Elas são mais um recurso retórico para introduzir e engajar o leitor no assunto.

E) expor aos leitores dúvidas que persistem acerca do que é procrastinar.

INCORRETA. O texto define procrastinação no segundo parágrafo. As perguntas não expressam dúvidas da autora, mas sim buscam a identificação do leitor com o comportamento de procrastinar.

GABARITO B

O texto começa com uma pergunta retórica ("Você deixa tudo para depois?") e usa linguagem acessível, com exemplos cotidianos ("verificar o que há de novo nas redes sociais"). A autora inclui:

• O depoimento de B. Damacena, uma tradutora.
• A explicação da neurocientista Karina Abrahão, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
• A perspectiva do psiquiatra Elton Kanomata, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Esses especialistas são citados com suas credenciais e instituições, conferindo autoridade às informações. A linguagem é clara e didática, explicando termos como "procrastinar".

A) dá prioridade, tratando-se da discussão acerca do que é procrastinação, ao seu ponto de vista sobre o tema.

INCORRETA. A autora atua mais como uma mediadora, apresentando o problema e, principalmente, as visões e explicações de especialistas. Ela não impõe seu "ponto de vista" de forma prioritária, mas sim constrói o argumento com base em depoimentos e pareceres técnicos.

B) emprega linguagem formal e técnica, pois direciona o texto exclusivamente a profissionais da área da saúde.

INCORRETA. Embora contenha termos técnicos explicados (como "neurobiológico", "inflexibilidade cognitiva", "farmacológico"), a linguagem geral do texto é bastante acessível e jornalística, feita para um público amplo. A pergunta inicial e exemplos cotidianos mostram que não é um texto exclusivo para profissionais da saúde.

C) inclui parecer de especialistas, que atuam em instituições renomadas, para dar credibilidade às informações expostas.

CORRETA. O texto cita a neurocientista Karina Abrahão, "professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)", e o psiquiatra Elton Kanomata, "do Hospital Israelita Albert Einstein". A inclusão de suas falas e a menção de suas instituições renomadas servem justamente para fundamentar as informações e conferir maior credibilidade ao que é exposto sobre a procrastinação.

D) utiliza predominantemente linguagem informal, caracterizada por não seguir rigorosamente as regras gramaticais.

INCORRETA. A linguagem é predominante formal (jornalística), com clareza e correção gramatical. Não há indícios de que não siga rigorosamente as regras gramaticais ou que seja "predominantemente informal" a ponto de caracterizá-la assim.

E) omite a significação de termos essenciais, o que torna ambígua a compreensão do texto para os leitores.

INCORRETA. O texto explica o significado de "procrastinar" ("nada mais é do que deixar para depois, adiar para amanhã o que você deveria ou poderia terminar de fazer agora"). Ele faz um esforço para ser claro, não para ser ambíguo ou omitir termos essenciais.

GABARITO C

A) os prazos para os compromissos são flexíveis.

INCORRETA. O texto não menciona a flexibilidade dos prazos como um critério para que a procrastinação seja benéfica. O foco está no estado mental do indivíduo.

B) o término das tarefas não depende de nós, mas de terceiros.

INCORRETA. O texto não aborda a dependência de terceiros para o término das tarefas como condição para a procrastinação benéfica. A justificativa de Kanomata é interna ao indivíduo.

C) a mente está preparada para absorver novos conhecimentos.

INCORRETA. Kanomata fala em "inflexibilidade cognitiva" e "limitação da criatividade" quando a pessoa está cansada/estressada, sugerindo o oposto de uma mente preparada para absorver novos conhecimentos nesse momento.

D) a fadiga compromete a criatividade para realizar os trabalhos.

CORRETA. O psiquiatra Kanomata explica que "a pessoa está muito cansada, estressada, o que leva a uma inflexibilidade cognitiva, uma limitação da criatividade." Nesses casos, adiar a tarefa pode resultar em um trabalho "melhor, mais produtivo". A "fadiga" (cansaço) é o que compromete a criatividade.

E) a ansiedade e o estresse estão sob controle.

INCORRETA. Kanomata menciona que a pessoa está "muito cansada, estressada", o que indica que a ansiedade e o estresse não estão sob controle, mas sim são fatores que justificam o adiamento para um melhor resultado.

GABARITO D

O texto define procrastinação como adiar tarefas essenciais para realizar outras irrelevantes. Apresenta o depoimento de uma tradutora que sofre com a ansiedade gerada por isso. A neurocientista Karina Abrahão explica que, embora não seja um transtorno mental em si, quando exagerada pode sinalizar outros problemas de saúde mental. O psiquiatra Elton Kanomata pondera que a procrastinação nem sempre é negativa, podendo ser benéfica em casos de cansaço excessivo para um resultado melhor. Kanomata também afirma que, do ponto de vista neurobiológico, "ainda não se pode afirmar que exista algum tipo de alteração estrutural ou de funcionamento do cérebro que leve ao ato de procrastinar." Abrahão relaciona a procrastinação ao excesso de exigência e cansaço da vida urbana. Por fim, o texto menciona que não há tratamento farmacológico direto para a procrastinação, a menos que ela atinja um nível significativo que leve ao diagnóstico de outro transtorno mental.

A) Segundo a neurobiologia, por enquanto não há comprovações de que ela seja decorrente de modificações na estrutura e funcionamento cerebrais.

CORRETA. O psiquiatra Elton Kanomata afirma: "Segundo Kanomata, apesar dos estudos comportamentais a respeito do tema, do ponto de vista neurobiológico ainda não se pode afirmar que exista algum tipo de alteração estrutural ou de funcionamento do cérebro que leve ao ato de procrastinar." Esta afirmação da alternativa está em total conformidade com o texto.

B) Na área da psiquiatria, há estudos que têm constatado o aumento do número de indivíduos que sofrem com a ansiedade provocada pela procrastinação.

INCORRETA. O texto menciona que a procrastinação "gera uma ansiedade muito grande" (depoimento da tradutora) e que "quando exagerada, pode sinalizar outros problemas de saúde mental". Contudo, não há uma afirmação explícita no texto de que "estudos na área da psiquiatria" tenham constatado o aumento do número de indivíduos que sofrem com essa ansiedade. A informação é mais sobre a existência da ansiedade como um sintoma, e não sobre uma tendência de aumento detectada por estudos psiquiátricos.

C) Apresenta distúrbios mentais irreversíveis, sequela comum em pessoas que eventualmente procrastinam.

INCORRETA. O texto diz que a procrastinação "não é um transtorno mental em si" e que só "quando atingir um nível significativo que leve ao diagnóstico de transtorno mental" pode haver necessidade de intervenção. Não fala em "distúrbios mentais irreversíveis" nem que é uma "sequela comum" em quem "eventualmente" procrastina.

D) Caracteriza-se por comportamento próprio daqueles que adiam determinadas tarefas, substituindo-as por outras mais urgentes e essenciais.

INCORRETA. O texto afirma que a procrastinação é "adiar uma tarefa essencial" para realizar "atividades irrelevantes como verificar o que há de novo nas redes sociais, conferir mensagens ou promoções". Não é substituir por outras mais "urgentes e essenciais".

E) Define-se como um comportamento humano surgido neste século e que afeta, sobretudo, indivíduos que não vivem em metrópoles.

INCORRETA. O texto não afirma que a procrastinação é um comportamento surgido neste século. A neurocientista Karina Abrahão diz que "Nosso organismo foi criado originalmente para procurar comida e cuidar da prole. Mas hoje temos uma vida urbana, com muitas tarefas...". Ela relaciona a procrastinação ao excesso de tarefas na vida urbana, sugerindo que ela afeta mais (ou é mais evidente) em quem vive em metrópoles, não o contrário.

GABARITO A

O texto começa e termina com o mesmo lamento:

• "As pessoas comemoram aniversários de namoro e de casamento e jamais lembram os marcos das amizades."
• "A amizade repousa num tempo indefinido e vago, sem festa, sem torta e sem parabéns. É uma omissão injusta."
• "Favorecemos as amarras do romance e descuidamos dos laços da fraternidade."
• "Ninguém festeja a data em que se conheceu um amigo muito especial."

O exemplo de Fabrício e Eduardo serve como contraponto a essa "lacuna" e "omissão". O autor exalta a amizade e sugere que ela deveria ser valorizada com a mesma solenidade que o casamento.

A) os cuidados que um casamento precisa ter para durar.

INCORRETA. O texto compara a amizade ao casamento para realçar a importância da amizade, mas o foco não são os cuidados para a duração do casamento em si.

B) a reação dos pais quando um amigo é apresentado.

INCORRETA. O autor faz uma analogia com "pedir a mão da mulher em casamento" para sugerir que deveríamos "solicitar o ombro leal e fiel de nosso amigo com a mesma solenidade, olhando nos olhos dos pais dele". Esta é uma metáfora para a seriedade da amizade, não um chamado de atenção para a reação real dos pais.

C) os namoros que costumam ter pouca duração.

INCORRETA. O texto menciona "aniversários de namoro" como algo comemorado, em contraste com a amizade, mas não faz nenhuma afirmação sobre a duração dos namoros.

D) a necessidade de tratar bem os familiares dos amigos.

INCORRETA. O texto diz que "Temos que frequentar a casa e a família" como parte da amizade, o que implica tratar bem. No entanto, o ponto principal que o autor chama a atenção é a falta de valorização dos marcos da amizade em si, e não especificamente a forma como se lida com os familiares.

E) a desconsideração com a duração e o surgimento das amizades.

CORRETA. O autor lamenta a "omissão injusta" e o fato de que as pessoas "jamais lembram os marcos das amizades" e que "Ninguém festeja a data em que se conheceu um amigo muito especial." Isso se refere diretamente à "desconsideração" tanto com o surgimento ("data em que se conheceu") quanto com a duração ("marcos das amizades", "bodas de porcelana", "bodas de ouro") das amizades.

GABARITO E

O texto inicia lamentando que as pessoas comemorem aniversários de namoro e casamento, mas "jamais lembram os marcos das amizades." Ele chama isso de "uma omissão injusta" e critica que "Favorecemos as amarras do romance e descuidamos dos laços da fraternidade." O autor cita o exemplo de Fabrício e Eduardo para mostrar que é possível, mas não comum, comemorar esses marcos. Em seguida, ele eleva a amizade a um patamar muito alto, comparando-a à solicitação da mão em casamento, e descrevendo-a como "destino, vocação, amor de anjo, inocência de intenção." Ele também lista os compromissos que envolvem a amizade verdadeira (frequentar a casa, ir a enterros e nascimentos, suportar contradições, oferecer conselhos).

A) as bodas de amizade são comemoradas de forma semelhante às de casamento.

INCORRETA. O texto diz o oposto: "jamais lembram os marcos das amizades" e que a amizade repousa "sem festa, sem torta e sem parabéns". O exemplo de Fabrício e Eduardo é uma exceção que confirma a regra da falta de comemoração, não a semelhança.

B) os laços de amizade deveriam ser tão considerados quanto são os de namoro ou casamento.

CORRETA. Esta é a tese central do texto. O autor lamenta a "omissão injusta" em relação às amizades e afirma: "Favorecemos as amarras do romance e descuidamos dos laços da fraternidade." Ele sugere que, assim como se pede a mão em casamento, deveríamos "solicitar o ombro leal e fiel de nosso amigo com a mesma solenidade", elevando a amizade a um status de grande seriedade e importância, similar ou até maior que o casamento.

C) o autor do texto tem poucos amigos e por isso tem bastante afeto por eles.

INCORRETA. O texto não fornece nenhuma informação sobre a quantidade de amigos que o autor possui, nem sobre o motivo de seu afeto por eles. Ele fala de amizade de forma geral e usa o exemplo de Fabrício e Eduardo para ilustrar seu ponto.

D) a omissão das pessoas com os aniversários de amizade deve ser vista com naturalidade.

INCORRETA. O autor explicitamente critica essa omissão, chamando-a de "injusta" e de um "descuido" com os laços de fraternidade. Ele propõe uma mudança de comportamento, não a naturalização.

E) as bodas de amizade já estão incorporadas nos hábitos das pessoas.

INCORRETA. O texto afirma o contrário: "jamais lembram os marcos das amizades" e "Ninguém festeja a data em que se conheceu um amigo muito especial." O exemplo citado é uma exceção que serve para mostrar a lacuna existente, e não um hábito incorporado.

GABARITO B

A modalização discursiva no espectro da possibilidade ocorre quando o enunciador expressa incerteza, probabilidade, hipótese ou algo que pode ou não acontecer. Vamos analisar cada alternativa:

A) Já conquistamos cinco Copas do Mundo, mas nunca tivemos um Prêmio Nobel e até anteontem jamais havíamos levado um Oscar. (1ºparágrafo)

INCORRETA. Esta frase apresenta fatos consumados e informações históricas. Os verbos estão no passado perfeito ("conquistamos", "tivemos", "havíamos levado") ou no pretérito mais-que-perfeito ("havíamos levado"), indicando ações concluídas. Não há modalização de possibilidade.

B) Dito isso, mesmo que não tivesse sido o primeiro filme brasileiro a conquistar um Oscar, Ainda Estou Aqui tem um significado extraordinário para o País… (3º parágrafo)

INCORRETA. A expressão "mesmo que não tivesse sido" indica uma concessão ou uma condição contrafactual, mas a afirmação principal ("Ainda Estou Aqui tem um significado extraordinário") é apresentada como uma certeza do autor, um julgamento de valor. Não há modalização de possibilidade sobre o evento principal.

C) Ancorado na atuação impecável de Fernanda Torres, agora um talento internacionalmente reconhecido, o filme conseguiu […] retratar a vida de inúmeras famílias. (5º parágrafo)

INCORRETA. As ações são apresentadas como realizadas e confirmadas ("conseguiu retratar"). O foco está no resultado alcançado, não na possibilidade.

D) É muito provável que essa vitória atraia mais curiosidade no exterior sobre o cinema brasileiro e acalente os sonhos dos jovens diretores daqui. (2º parágrafo)

CORRETA. A expressão "É muito provável que" é um marcador explícito de modalização de possibilidade. Indica que o autor está fazendo uma projeção, uma previsão com alto grau de probabilidade, mas não uma certeza absoluta sobre o futuro. Os verbos "atraia" e "acalente" estão no subjuntivo, reforçando essa ideia de incerteza/possibilidade.

E) Como destacou Fernanda Torres […], o fato de uma produção falada em português ter recebido três indicações ao Oscar […] já era um feito. (4º parágrafo)

INCORRETA. Esta frase reporta um fato (o que Fernanda Torres destacou) e uma avaliação concluída ("já era um feito"). Não há modalização de possibilidade.

Portanto, a alternativa que contém a modalização discursiva no espectro da possibilidade é a D.

GABARITO D

No quarto parágrafo, após descrever o entusiasmo no Brasil, ele diz: "Como destacou Fernanda Torres, atriz principal do filme, o fato de uma produção falada em português ter recebido três indicações ao Oscar – melhor filme, melhor atriz e melhor filme estrangeiro – já era um feito."

A fala de Fernanda Torres é citada para ressaltar que as indicações por si só, antes mesmo da vitória, já eram algo extraordinário e digno de nota, especialmente para uma produção em português.

A) reconhecer a atuação da atriz como um feito histórico.

INCORRETA. Embora o parágrafo seguinte elogie a "atuação impecável de Fernanda Torres", a citação específica da fala dela no quarto parágrafo não tem como objetivo reconhecer a atuação dela. O foco da citação é o "fato de uma produção falada em português ter recebido três indicações", que "já era um feito".

B) ratificar a relevância do filme no contexto do Oscar.

CORRETA. Ao citar Fernanda Torres dizendo que apenas as indicações já eram um feito ("já era um feito"), o editorial está "ratificando" (confirmando, validando) a relevância e o impacto do filme no cenário do Oscar, mesmo antes da vitória. As indicações, por sua raridade para um filme brasileiro e em português, já sinalizavam a importância e o reconhecimento da obra.

C) confirmar o papel principal dela no filme premiado.

INCORRETA. A menção "atriz principal do filme" é apenas um detalhe de identificação para contextualizar a fala de Fernanda Torres. O objetivo principal da citação não é confirmar seu papel, mas usar sua autoridade para reforçar a magnitude das indicações.

D) enfatizar a importância do português nas artes.

INCORRETA. A importância do português é um elemento da conquista ("produção falada em português"), mas o objetivo da citação de Fernanda Torres não é fazer uma defesa generalizada da "importância do português nas artes". É sim realçar o quão notáveis foram as indicações específicas para aquele filme e para o cinema brasileiro.

E) criticar a falta de indicação de prêmios ao Brasil.

INCORRETA. O tom do texto é de celebração e orgulho pelas indicações e pela vitória, não de crítica à falta de indicações anteriores. A fala de Fernanda Torres sublinha o quão significativo é ter conseguido as indicações, e não a ausência delas no passado.

GABARITO B

O texto celebra a conquista do Oscar pelo filme "Ainda Estou Aqui". Ele destaca que o prêmio não significa que o cinema brasileiro se tornou uma potência, mas aponta o "amadurecimento dos artistas e profissionais brasileiros". O editorial enfatiza que o filme tem um "significado extraordinário para o País, como poucas obras de arte tiveram em nossa história", gerando um sentimento de euforia similar ao da Copa do Mundo.

O segundo parágrafo é crucial para a questão: "Ancorado na atuação impecável de Fernanda Torres, agora um talento internacionalmente reconhecido, o filme conseguiu, com sutileza e sobriedade, retratar a vida de inúmeras famílias. Com isso, a produção transformou um tema local em algo universal. Ao decidir narrar a história dos Paiva na atual conjuntura, portanto, o diretor Walter Salles foi particularmente corajoso, sobretudo porque deu visibilidade à aguerrida Eunice, que lutou para preservar sua família e perseverou em busca de justiça. Só isso já é digno de aplausos. Nem precisava de Oscar."

A) sóbria e sutil, já que Walter Salles, ao relacionar a história de Eunice Paiva e sua família com os dias de hoje, equilibrou razão e emoção, tornando a personagem de Fernanda Torres menos belicosa.

INCORRETA. O texto realmente menciona "sutileza e sobriedade" do filme. No entanto, ele descreve Eunice como "aguerrida" (combativa, lutadora), e não afirma que o filme a tornou "menos belicosa". Pelo contrário, destaca sua luta.

B) manifesta de coragem, porque Walter Salles ousou trazer para a conjuntura atual o espírito combativo de Eunice Paiva não apenas para resguardar sua família como também para buscar justiça.

CORRETA. O texto afirma que o diretor Walter Salles foi "particularmente corajoso" ao narrar a história dos Paiva na "atual conjuntura". Essa coragem se manifesta por dar "visibilidade à aguerrida Eunice, que lutou para preservar sua família e perseverou em busca de justiça." A alternativa capta a essência da "coragem" destacada pelo editorial.

C) cheia de emoção, por meio da qual Walter Salles expõe como se arrefeceram as energias de Eunice Paiva para cuidar da família e buscar justiça, situação que, por si só, dispensaria o prêmio do Oscar.

INCORRETA. O texto diz que Eunice era "aguerrida" e "lutou para preservar sua família e perseverou em busca de justiça", o que é o oposto de suas energias terem "arrefecido" (diminuído). A situação "dispensaria o Oscar" é uma frase do texto, mas não no sentido de que a energia da personagem arrefeceram, e sim porque a bravura da história já era um prêmio em si.

D) importante na abordagem de um tema local, ainda que não tenha representatividade global, pois Walter Salles apresenta os desafios de Eunice Paiva para preservar a família e buscar a justiça.

INCORRETA. O texto explicitamente afirma que a produção "transformou um tema local em algo universal". A alternativa contradiz a "representatividade global" que o texto atribui ao filme.

E) celebrada e universal, com a qual Walter Salles decide dar visibilidade à história de Eunice Paiva, destacando a forma como a sua sujeição ao sistema social garantiu a segurança de sua família.

INCORRETA. O filme é "celebrada e universal", e dá visibilidade à história de Eunice Paiva. No entanto, o texto destaca a sua "luta para preservar sua família e perseverou em busca de justiça", o que sugere resistência e combate, e não "sujeição ao sistema social" como forma de garantir segurança.

GABARITO B

1ª) "... e entregou-se de corpo e alma ao estudo da ciência..." (3º parágrafo)

• Esta expressão idiomática significa uma dedicação total, completa, intensa.

2ª) "... D. Evarista era mal composta de feições..." (3º parágrafo)

• "Mal composta de feições" é uma forma eufemística ou indireta de dizer que ela não era bonita, ou tinha feições desarmônicas. O parágrafo anterior já dizia que ela era "não bonita nem simpática".

3ª) "D. Evarista mentiu às esperanças do Dr. Bacamarte..." (4º parágrafo)

• Nesse contexto, "mentiu às esperanças" significa que ela não correspondeu às expectativas ou não atendeu aos desejos de ter filhos robustos, ou seja, ela as frustrou.

A) Simão Bacamarte lançou-se devotadamente ao estudo da ciência; D. Evarista não possuía beleza física; D. Evarista assentiu às esperanças do Dr. Bacamarte.

INCORRETA. A terceira interpretação ("D. Evarista assentiu às esperanças do Dr. Bacamarte") está errada. "Assentir" significa concordar, e ela não correspondeu às esperanças, ela "mentiu" a elas, ou seja, as frustrou.

B) Simão Bacamarte explorou cautelosamente o estudo da ciência; D. Evarista ocultava sua beleza física; D. Evarista aprovou as esperanças do Dr. Bacamarte.

INCORRETA. A primeira interpretação ("explorou cautelosamente") está errada; "de corpo e alma" indica dedicação intensa. A segunda ("ocultava sua beleza") está errada; ela "não bonita nem simpática" e "mal composta de feições" significa falta de beleza. A terceira ("aprovou as esperanças") está errada.

C) Simão Bacamarte dedicou-se inteiramente ao estudo da ciência; D. Evarista era desprovida de beleza física; D. Evarista frustrou as esperanças do Dr. Bacamarte.

CORRETA.

"dedicou-se inteiramente" é um sinônimo perfeito para "entregou-se de corpo e alma".

"desprovida de beleza física" é uma interpretação correta de "mal composta de feições" e "não bonita".

"frustrou as esperanças" é a interpretação exata de "mentiu às esperanças" neste contexto.

D) Simão Bacamarte trabalhou parcimoniosamente no estudo da ciência; D. Evarista se fazia bonita fisicamente; D. Evarista ocultou a verdade às esperanças do Dr. Bacamarte.

INCORRETA. A primeira interpretação ("trabalhou parcimoniosamente" = com economia, moderação) está errada; "de corpo e alma" é o oposto. A segunda ("se fazia bonita") está errada; ela "não bonita". A terceira ("ocultou a verdade") é menos precisa que "frustrou"; ela não enganou ativamente, simplesmente não correspondeu.

E) Simão Bacamarte empenhou-se metodicamente ao estudo da ciência; D. Evarista era muito bonita fisicamente; D. Evarista furtou-se às esperanças do Dr. Bacamarte.

INCORRETA. A segunda interpretação ("muito bonita fisicamente") está errada. A terceira ("furtou-se às esperanças") é possível, mas a interpretação de "mentiu às esperanças" como "frustrou" é mais direta e comum neste contexto. A primeira ("empenhou-se metodicamente") é plausível, mas "inteiramente" (da C) é mais precisa para "de corpo e alma".

GABARITO C