SE11715 - (Assistente. 2024. Vunesp) Leia o texto para responder à questão.
Sem contar com políticas públicas específicas para reduzir as taxas de jovens entre 15 e 29 anos que não estudam nem trabalham (os chamados nem-nem), o Brasil está estagnado em relação à maioria dos países analisados pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em 2012, os nem-nem brasileiros eram 20% dessa faixa etária, índice que colocava o País entre os sete piores. Dez anos depois, tanto a posição nesse ranking quanto o percentual são os mesmos, mas a taxa brasileira piorou na comparação com a da média das nações que fazem parte da organização – o Brasil ainda não integra esse grupo, mas sua adesão está em tramitação.
Os resultados obtidos pela Irlanda nessa década são os que mais impressionam, fruto de um trabalho que mescla capacitação, ajuda para obtenção de emprego e assistência financeira. Assim, o país saiu da 6ª posição na lista dos dez com maiores índices de nem-nem para ficar entre os sete que menos têm jovens nessa situação. A taxa passou de 21,1% para 8,9%. Os irlandeses ainda melhoraram em relação à média das nações que fazem parte da OCDE. Se em 2012 estavam quase seis pontos percentuais acima da média da organização, em 2022 passaram a ficar quatro pontos abaixo.
Reduzir o índice de jovens de 15 a 29 anos que não estudam nem trabalham depende da estabilidade da economia. Mas não só. Também são necessários investimentos e políticas que sejam capazes de gerar oportunidades e boas condições de trabalho. Essa combinação explica em grande parte a situação da Holanda, que tem as menores taxas de nem-nem. Em 2012, o país era o mais bem colocado nesse quesito, situação em que se manteve em 2022.
Segundo Alexander Dicks, da Universidade de Maastricht, na Holanda, uma das justificativas para o baixo índice de jovens que não estão na educação, no emprego ou na formação é a economia sólida do país. “Além disso, a Holanda tem um forte sistema de educação profissional, práticas educacionais geralmente boas e universidades de alta qualidade”, afirmou Dicks.
(Países reduzem taxa de jovens nem-nem enquanto Brasil mantém índice há dez anos. www.estadao.com.br, 02.01.2024. Adaptado)
No trecho “Sem contar com políticas públicas específicas para reduzir as taxas de jovens entre 15 e 29 anos que não estudam nem trabalham…” (1o parágrafo), os vocábulos destacados estabelecem, respectivamente, relações de sentido de
SE11714 - (Técnico. Campinas. 2024. Vunesp)
Mal nos limpamos da areia contrabandeada do Réveillon, e o ano já chega repleto de propostas de trabalho,(e) estudo, esporte e lazer. Energias renovadas e um certo erro de cálculo nos fazem crer que as promessas assumidas hoje encontrarão a mesma pessoa para pagá-las amanhã.
Agenda cheia é a marca da pessoa produtiva e plena de energia, ou seja, eternamente jovem e bem-sucedida. Não é o caso da mão de obra em uma grande cidade, cujo deslocamento para o emprego ocupa grande parte do dia, da paciência e da saúde. Essa sonha com tempo livre do qual não pode dispor, pois seu sustento está sob ameaça perene.
Acostumada a receber convites para dar palestras em diferentes instituições e sem poder ir a todas,(a) me surpreendi com uma resposta específica a uma negativa minha. A pessoa queria entender a razão pela qual eu não poderia atender a solicitação dela(c) que, afinal, ocorreria à noite, só se estenderia por duas horas e era perto da minha casa. Para me justificar, desfiei o rosário dos compromissos que assumi logo nos primeiros dias do ano: consultório, aulas, grupos de estudo, livro, coordenação de um instituto. A petulância diante do meu “não” seria só uma anedota, se não me tivesse percebido tão irritada.(b) Daí, claro, já não se trata da falta de sensibilidade do anfitrião, a quem respondi educadamente, mas de um incômodo comigo mesma.(d)
Meu mal-estar decorria do fato de eu cobrar de mim aceitar um evento à noite, que só dura duas horas e é perto da minha casa. Minha resposta apresentando os compromissos previamente assumidos era para aplacar a fúria de alguém que se espelha em um fazer sem descanso. Daí que, se quisermos rever uma produtividade que começa logo ao abrir os olhos com o uso do celular, teremos que dizer “não” para nós mesmos antes de tudo.
(Vera Iaconelli. A arte de dizer não para si. www1.folha.uol.com.br, 29.01.2024. Adaptado)
Assinale a alternativa em que se observa expressão com ideia de tempo.
SE11713 - (Agente. Itapeva. 2024. Vunesp) Leia o texto para responder à questão.
Se 2022 foi de incerteza, 2023 se mostrou o ano da desigualdade. Assim começa o relatório no qual o Banco Mundial revisita o que foi o ano passado para o planeta em nove gráficos relacionados à pobreza, à dívida externa, ao crescimento econômico e às mudanças climáticas. É um documento sintético, objetivo e apropriado ao contexto de fóruns internacionais como o Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos entre 15 e 19 de janeiro de 2024, ao olhar para múltiplas crises em curso, radiografar resultados sem ideologias e chamar a atenção para caminhos possíveis no enfrentamento de alguns dos nossos maiores problemas. E, pelo que afirma o Banco Mundial, a desigualdade é decididamente omaior deles no momento.
O diagnóstico é claro: o combate à pobreza estagnou. Na fatia dos mais pobres entre os pobres do mundo, 2023 chegou ao fim com algo em torno de 700 milhões de pessoas sobrevivendo com menos de R$ 10,50 por dia. Esse número era 40% menor em 2010. Os dados mostram que os efeitos da pandemia de Covid-19 ainda são sentidos, especialmente entre os países de baixíssima renda. Progressos anteriores foram neutralizados. Além disso, há as ameaças trazidas pelas mudanças climáticas, por conflitos, violência e insegurança alimentar, chagas que dificultam a recuperação das economias.
O documento fala numa sucessão de tragédias ao longo do ano que mancharam a economia e a vida nesses países – e não apenas conflitos como a invasão russa na Ucrânia ou eventos extremos no clima, mas inflação mais elevada, taxas de juros mais altas, redução do investimento, crescimento insuficiente e elevação da dívida externa das nações mais pobres. Trata-se de um cenário sombrio, sobretudo quando se constata que, embora as disparidades tenham aumentado na maioria dos lugares, os últimos anos haviam assistido à redução das desigualdades entre os países – fruto do crescimento acelerado na faixa média da distribuição global da renda e no grupo dos chamados “super ricos”, aquelas pessoas do topo da pirâmide global. O crescimento de pessoas de renda relativamente baixa dos países mais pobres e pessoas muito ricas dos países mais ricos se somou a uma espécie de estagnação das classes médias tradicionais na Europa, na América do Norte e na América Latina.
(https://www.estadao.com.br/opiniao/desigualdade-alem-da-renda/. 22.01.2024. Adaptado)
No trecho “... embora as disparidades tenham aumentado na maioria dos lugares, os últimos anos haviam assistido à redução das desigualdades entre os países...” (3º parágrafo), o vocábulo destacado estabelece relação de sentido de entre as orações e poderia ser corretamente substituído por .
Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do texto.
SE11712 - (Agente. Itapeva. 2024. Vunesp) Leia o texto para responder à questão.
Anteontem saí do prédio a caminho da padaria e cada filho meu agarrou uma mão. Foi um gesto automático, cotidiano, mas que me trouxe uma daquelas picadas epifânicas: já estamos nos acréscimos. A Oli tem dez, o Dani tem oito, num piscar de olhos nenhum deles vai querer pegar na minha mão, vão ter repulsa a qualquer toque e até vergonha da minha presença. Posso ouvi-los, adolescentes, batendo a porta do quarto na minha cara, logo depois de dizerem “ai, pai, como você é burro!”.
Aquelas bisnaguinhas mornas e macias buscando segurançaem minhas mãos, ainda acreditando na mentira de que eu posso protegê-los dos perigos do mundo, eram ao mesmo tempo uma bitoca da vida e um piparote da morte. O universo me premiando com a Mega-Sena e gritando no meu ouvido “perdeu, mané!”.
Outro dia eu estava saindo da ponte aérea e da fileira ao lado levantou uma mãe descabelada, olheiras de guaxinim: um filho de uns oito meses semiacordado e todo troncho no braço esquerdo, uma mochila da Peppa Pig no braço direito, a pasta de trabalho pendurada no pescoço, virada pras costas, enforcando-a, a mamadeira e uma chupeta entre os dedos que apertavam o bumbum do menino; o retrato clássico de malabarismo indigente da jovem mãe. Notei que um tênis da criança tinha ficado na poltrona. Entreguei a ela, que o meteu, com dificuldade, num bolso traseiro da calça jeans.
Lembrei das tantas vezes que ouvi, quando tinha bebês, “aproveita que passa rápido!”. Soava como um conselho bizarro em meio às noites mal dormidas, ao cocô vazado da fralda, às voltas de carro pelo City Boaçava, porque era um bairro com pouco farol e se parasse no cruzamento o bebê acordava aos urros. Daí me peguei morrendo de vontade de cutucar o ombro da mulher e falar “aproveita que passa rápido!”. Ela me olharia com o mesmo assombro que devolvi a tantas pessoas bem-intencionadas, dez anos atrás. A experiência é incomunicável.
São raros os momentos em que a gente se dá conta: isso aqui é a vida, isso aqui é o importante, não tem nada além, tem só, agarradas às minhas, essas duas mãozinhas e o sentimento do mundo. Foi um segundo a iluminação do raio e já veio o susto do trovão: tá passando, vai passar.
(Antonio Prata. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/ 2023/12/as-bisnagas-e-o-trovao.shtml. 23.12.2023. Adaptado)
No trecho “Soava como um conselho bizarro em meio às noites mal dormidas...” (4º parágrafo), o vocábulo como estabelece a mesma relação de sentido que estabelece em:
SE11711 - (Agente Fiscal de Saúde Pública. 2024. Vunesp) Leia o texto para responder à questão.
Não quero fazer injúria ao silêncio, que estimo como um amigo. Mas quero fazer hoje o elogio do ruído, da agitação, da música que invade os ouvidos e retumba no peito. Quero declarar meu gosto pelo encontro festivo num breu que se faz brilho, entre braços camaradas e olhos desconhecidos, meu apreço por aquilo que os rígidos insistem em reprimir.
Minha cidade, São Paulo, já foi conspicuamente alegre, dessas que se julgam notívagas ou insones, dessas que desejam chegar despertas ao amanhecer. Um dia, porém, o sono dos justos ressonou mais forte que o ruído dos ébrios, e decidiu-se por lei que era preciso calar a cidade, submetê-la aos ditames irredutíveis dos relógios e dos medidores de decibéis. Já não lhe era mais permitido vagar livre depois da meia-noite. A cidade devia se apresentar em casa à uma no máximo, sóbria e casta e lúcida e respeitável, apta para a labuta do dia seguinte.
Depois desse dia, quem se atreve a circular por suas ruas na alta madrugada ouve o triunfo do silêncio. Bairros antes repletos de cores e luzes tornaram-se sequências de fachadas deslustradas e sombrias, indistintas portas metálicas a esconder seus restaurantes e bares, seus botecos e tabernas, seus sambas e pagodes, como se a essa hora se fizessem todos tão escandalosos que já não pudessem existir. Ao sonâmbulo andarilho que percorra sem saber esses caminhos, tão agitados na luz impávida dos dias, não resta mais que o susto da noite vazia e a constatação do poder sinistro do sossego.
Mas onde há poder, como ensinou um desses andarilhos festivos, há resistência. Tão fácil assim a cidade insone não dorme, não se resigna aos lençóis brancos e limpos ou à hipnose televisiva. Detrás das portas metálicas, sob letreiros apagados, por passagens furtivas, a noite paulistana sobrevive às escondidas, e há fervor na resistência, há amor e liberdade e um gosto inconfundível de vida. Em seu centro despovoado de pernas apressadas, ou em seus bairros recônditos, entre galpões e terrenos baldios, a cidade celebra ainda aquilo que a lei calou, de olhos fechados e braços erguidos.
Hoje é possível reencontrar a noite que perdemos pelas continências da ordem e da lei. E é assim que se podem frequentar vastos salões nobres que se abrem acima de botecos insuspeitos, e pistas quentes à margem dos trilhos do trem, e terraços que estranhamente escapam à vigilância municipal, e apertados porões onde os músicos se reúnem ao fim da noite, todos juntos à espera de um sol gentil. E é assim que temos descoberto que ainda vivemos numa cidade inquieta e enérgica, disposta a combater com música a ubiquidade do silêncio.
(Julián Fuks. https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2023/12/02/quiseram-calar-a-noite-de-sao-paulo-mas-ela-ainda-resiste.htm. Adaptado)
Considere os trechos:
“Um dia, porém, o sono dos justos ressonou mais forte que o ruído dos ébrios.”
“Mas onde há poder, como ensinou um desses andarilhos festivos, há resistência”.
As palavras destacadas podem ser substituídas, respectivamente e sem alteração do sentido original, por:
SE11710 - (Oficial Administrativo. 2024. Vunesp) Leia o texto para responder à questão.
Quantas vezes você respondeu uma pergunta com “sim”, quando, na verdade, sua vontade era de dizer “não”? Ainda que você não se considere uma pessoa com dificuldade em dizer “não”, provavelmente é incapaz de contabilizar quantas vezes deixou de dar uma resposta negativa por receio do que o outro pensaria.
O famoso “vou ver e te aviso!” após receber um convite de alguém denuncia o jeitinho brasileiro de temer desagradar ao outro. No entanto, essa atitude, aparentemente inocente, é nociva e pode desencadear grandes malefícios ao indivíduo, que se anula na tentativa de satisfazer o outro.
A psicóloga Juliana Gebrim explica que aprender a dizer “não” de maneira assertiva é fundamental para preservar o equilíbrio emocional e estabelecer relacionamentos saudáveis: “Quando alguém tem dificuldade em dizer ‘não’, podem surgir diversos malefícios, tais como: sobrecarga de responsabilidades, levando ao esgotamento físico e mental; e sentimentos de ressentimento, prejudicando relacionamentos e o bem-estar emocional”.
A professora bilíngue Indyara Moreira confessa que já manteve amizade com pessoas que a incomodavam por longos períodos, justamente por não querer deixar o outro desconfortável, mas atualmente reconhece que foi injusta consigo mesma. Ela relata que há um tempo mantinha amizade com uma mulher bastante inconveniente que a deixava desconfortável, então evitava responder às mensagens e atender as ligações vindas dessa pessoa, mas que um dia, ao chegar em casa, se deparou com a moça e o seu esposo sozinhos em sua casa e, em meio ao constrangimento da cena, Indyara teve de escutar que não foi comunicada da visita por ser mais fácil falar com seu esposo do que com ela.
(Letícia Guedes. Problemas em dizer “não”? Dificuldade pode causar danos a saúde mental. www.correiobraziliense.com.br, 14.01.2024. Adaptado)
No trecho “Quantas vezes você respondeu uma pergunta com ‘sim’, quando, na verdade, sua vontade era de dizer ‘não’?” (1º parágrafo), o vocábulo destacado pode ser substituído, sem prejuízo do sentido e da correção gramatical, por:
SE11709 - (Encarregado de Zeladoria. 2024. Vunesp)
Pelo telefone
A historiografia da música popular no Brasil consagra a gravação da canção “Pelo Telefone” (1916), de autoria de Ernesto dos Santos, o Donga (1890-1974), e Mauro de Almeida (1882-1956), como um marco da história cultural brasileira.
Há uma série de elementos importantes que justificam a escolha desta canção – cuja letra é uma crítica bem-humorada ao chefe de polícia carioca que combate os jogos de azar na cidade – como baliza da música popular urbana. Um deles é a ação propositada do autor de registrar a autoria da composição; outro, a indicação de “samba” no selo do disco, gênero ainda indefinido no início do século XX. Ao registrar a partitura da canção na Biblioteca Nacional, Donga ultrapassa os tradicionais limites da criação coletiva e anônima da música popular da época e assume a postura de “compositor moderno”, que assegura direitos e retorno financeiro sobre a composição. O manuscrito para piano de “Pelo Telefone” é registrado na Biblioteca Nacional em novembro de 1916, mês em que também surge a primeira edição comercial da obra. Logo em seguida, são realizadas três gravações pela Casa Edison, baseadas nesses registros públicos. A primeira e a terceira são apenas gravações instrumentais, realizadas pela Banda Odeon e a Banda do 1º Batalhão da Polícia da Bahia. A segunda gravação, interpretada por Baiano (1870-1944) e acompanhada somente de cavaquinho e violão, é sucesso no carnaval de 1917.
Em “Pelo Telefone” estão presentes registros modernos da música popular que aparecem de modo manifesto apenas na virada dos anos 1920-1930, a saber, o gênero samba urbano, composto por autor conhecido, registrado em partitura, gravado em fonograma, e com ampla divulgação e popularidade. A canção inicia, portanto, uma nova fase da produção musical no país, a ponto de se transformar em uma espécie de “mito fundador” do gênero.
(Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2024. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra7091/pelo-telefone-1916. Adaptado)
Em “A canção inicia, portanto, uma nova fase da produção musical no país, a ponto de se transformar em uma espécie de ‘mito fundador’ do gênero” (3º parágrafo), o termo destacado pode ser substituído, sem prejuízo do sentido original, por
SE11708 - (Analista Previdenciário. Contador. 2024. Vunesp) No trecho “Faz sentido, na medida em que ao lermos um romance somos convidados a recriá-lo…” , a expressão destacada estabelece relação de sentido de
SE11707 - (Agente Previdenciário. 2024. Vunesp) Leia as passagens:
• À medida que avança a utilização da tecnologia da inteligência artificial (IA)...
• No entanto, ao mesmo tempo em que novas tecnologias extinguiram profissões...
• Embora experimente fortes recuos nos índices de desemprego...
As expressões em destaque introduzem, correta e respectivamente, os sentidos de:
SE11706 - (Analista de Comunicação Pleno. SpTrans. 2024. Vunesp) Leia o texto para responder à questão.
Destruição criativa 2.0
Não compro muito a ideia de que a inteligência artificial vai destruir o mundo. Digo-o não porque tenha conhecimento privilegiado do porvir, mas porque sei que, diante do novo, nossa tendência é sempre a de exagerar os perigos. Quem quiser uma confirmação empírica disso pode pegar nas coleções de jornais os artigos catastrofistas dos anos 1970 e 1980 que mencionavam o advento dos bebês de proveta, que hoje não despertam mais polêmica.
Daí não decorre que devamos tratar a inteligência artificial com ligeireza. É uma mudança tecnológica de enorme potencial e que terá impactos, em especial sobre o emprego. Já vimos antes a chamada destruição criadora em ação. Mas, ao que tudo indica, desta vez, a aniquilação de postos de trabalho se dará em escala maior e atingirá também funções criativas ocupadas pelas elites intelectuais, que foram poupadas em viragens tecnológicas anteriores.
O quadro geral, porém, talvez não seja dos piores. Economistas de diferentes correntes anteviram um mundo em que as mudanças tecnológicas avançariam tanto que resolveriam o problema econômico da humanidade, isto é, as máquinas produziriam sozinhas e de graça tudo o que necessitamos, de comida a bens industrializados, passando por vários tipos de serviço. A dificuldade é que, como isso não vai acontecer da noite para o dia, devemos esperar uma transição complicada. E complicada não apenas em termos econômicos e sociais, mas também psicológicos.
Quando conhecemos uma pessoa, uma das primeiras perguntas que lhe dirigimos é “o que você faz?”. Vivemos em sociedades em que os indivíduos se definem em larga medida por sua profissão. Tirar isso deles pode provocar um vazio existencial. É até possível que, com o problema econômico resolvido, passemos a extrair transcendência de outras atividades. Imagine um mundo de artistas. Mas isso vai exigir uma revolução anímica.
(SCHWARTSMAN, Hélio. Em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ helioschwartsman/2023/09/destruicao-criativa-20.shtml. 15.09.2023. Adaptado)
Mantendo-se o sentido do trecho – A dificuldade é que, como isso não vai acontecer da noite para o dia, devemos esperar uma transição complicada. (3º parágrafo) –, a palavra destacada pode ser corretamente substituída por:
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